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Segunda-feira 15, Junho 2020

Conheça a trajetória profissional de Luis Carlos Gouveia, diretor de Pessoas, Digital e Sociedade da EDP no Brasil e um dos líderes mais admirados da Companhia

Luis Carlos Gouveia tomou consciência do racismo na Faculdade, uma universidade privada de Engenharia, onde seus colegas eram em sua maioria brancos e de classe média alta. Ali, Gouveia ingressou no time de futebol e, logo em sua primeira partida no campeonato interno, ouviu uma série de insultos racistas por parte da torcida, a cada vez que tocava na bola. “Demorei para entender o que estava acontecendo. Foi difícil lidar com o fato de olhar em volta e ver uma multidão inteira me atacando gratuitamente”, diz. Apesar da pressão, o jovem estudante decidiu que, em vez de se deixar intimidar, jogaria uma grande partida e seria aceito por seu talento, para sair dali aplaudido – o que de fato acabou acontecendo. Segundo Gouveia, aquele foi o momento em que decidiu que seria protagonista de sua vida e que jamais se permitiria ser limitado por sua cor.

Foi apenas após dois anos de formado, em 1999, que o jovem engenheiro de produção ingressou na EDP, multinacional do setor elétrico onde atua há 20 anos. Um dos líderes mais admirados da Empresa, Luis iniciou sua carreira na Companhia como analista de processos, com a missão de implementar a ferramenta SAP na EDP São Paulo, uma das distribuidoras do Grupo. Com o mapeamento, visão de processo e excelência na execução do serviço, foi escolhido para participar de um projeto pioneiro na época, na área de Business Intelligence, na conceituada escola de negócios HEC Paris. Ali, aprendeu sobre o chamado Management Cockpit (sala de guerra), com a definição de indicadores para a tomada de decisão em reuniões emergenciais – uma solução posteriormente implantada com sucesso na EDP Brasil.

Como analista, Gouveia também ganhou o reconhecimento de seus colegas de trabalho após uma viagem de voluntariado ao Timor Leste, logo após o fim dos conflitos no país. O executivo passou por treinamento com uma equipe da ONU por oito meses, estudou sobre o Sudeste Asiático e atuou durante 30 dias como voluntário. Para o executivo, a viagem foi um divisor de águas em sua carreira: graças ao conhecimento adquirido e à experiência vivida nesse intercâmbio, ele passou a assumir a liderança de projetos que o fizeram crescer rapidamente na Companhia, tornando-se gestor em apenas cinco anos.

Gouveia - Timor Leste

Nessa época, graças aos resultados à frente do projeto de implantação do Balanced Scorecard (BSC), no Brasil, que na sequência foi replicado na EDP em nível global, o jovem executivo foi selecionado entre 2.000 colaboradores para participar de um programa de capacitação em Coimbra, Portugal – país onde fica a sede da Companhia. O aprendizado obtido nesse período lhe permitiu criar conexões com jovens líderes da EDP em Portugal e na Espanha, um networking que possibilitou a troca de conhecimento e experiências que contribuíram diretamente para sua formação como líder. Assim, após quatro anos, Gouveia tornou-se diretor. A partir daí, atuou em diversas áreas, como Compras, Logística e Infraestrutura, até a liderança de projetos sociais no Instituto EDP, além de ter ocupado a prestigiada posição de Chefe de Gabinete de dois presidentes da multinacional no Brasil.

O ápice da carreira de Luís Gouveia, entretanto, aconteceu quando implementou o projeto Cultura EDP, um amplo trabalho que mobilizou milhares de colaboradores na definição e posterior multiplicação dos valores e princípios da Companhia, bem como do propósito pelo qual a EDP é hoje reconhecida “Usar nossa energia para cuidar sempre melhor”. Por meio do projeto Cultura, a EDP Brasil, que até então ficava na última posição em engajamento entre 14 subsidiárias do Grupo EDP, passou a ocupar a liderança do Grupo no quesito clima. Tem aí sua origem a hashtag #OrgulhodeSerEDP, hoje tão popular entre os colaboradores.

À frente do Instituto do EDP, Gouveia tocou projetos emblemáticos, como o patrocínio à reconstrução do Museu da Língua Portuguesa e, mais recentemente, o patrocínio da EDP à restauração do Museu do Ipiranga. Mais recentemente, suas áreas anteriores, a Diretoria de Transformação Organizacional e o Instituto EDP, fundiram-se com as diretorias de RH e TI, dando origem à Diretoria de Pessoas, Digital e Sociedade, liderada por ele ao lado da diretora Fernanda Pires, num inovador modelo de gestão compartilhada. 

“Eu não chegaria aonde cheguei, se não tivesse tido o apoio de líderes aliados, que nunca viram na cor ou na raça um obstáculo para o meu crescimento. Eles enxergaram o meu potencial, que é o mesmo de tantas pessoas negras no Brasil, mas que raramente têm as mesmas oportunidades que eu tive. Graças às minhas lideranças, pude moldar as habilidades profissionais que me levaram à posição que ocupo atualmente”, afirma Luis Gouveia. Para o executivo, mudar as estatísticas que excluem sistematicamente a população negra dos postos de liderança passa pela conscientização de toda a sociedade.

“Neste sentido, me sinto responsável por usar minha voz para estimular e mostrar que é preciso que mais negras e negros cheguem a posições como a minha. Precisamos corrigir as desigualdades do racismo estrutural e mostrar que raça, gênero, religião ou orientação sexual são indiferentes no processo de formação e crescimento profissional”, diz o executivo.